Homem também usa salto

Sthefane Pêpe
18 de fev. de 2016
3 min de leitura

Acredite se quiser, o salto alto foi inventado por um homem!

Não, eu não estou enganada!

Apesar de assumir-se que o salto alto foi criado para o rei Luis XIV no século XVII, há dados de seu uso há muitos anos antes, desde o Egito, quando classes mais altas usavam uma versão inicial do calçado feito em peças de couro que se organizavam em forma de Ankh. Açougueiros egípcios também usavam saltos para ajudá-los a caminhar sobre o sangue de animais mortos. Você também não iria querer sujar o pé em um açougue, vai por mim. Na Roma antiga, o sapatos de salto alto eram usados para identificar as prostitutas.

Durante a Idade Média, tanto homens como mulheres usavam patten, ou solas de madeira, que foram, claramente, um precursor do salto alto. Pattens uniriam aos sapatos frágil e caro para mantê-los fora da lama e detritos outra rua ao andar ao ar livre.

Andar bem calçado era muito importante para os homens que estavam na cavalaria, então eles começaram a usar sapatos com um salto pequeno para que o sapato ficasse preso e desse estabilidade para o soldado atirar o seu arco e flecha da melhor forma.

Depois disso, os homens da baixa sociedade também começaram a usar. Então a aristocracia para se distinguir do povo, começou a usar sapatos com um salto mais alto. E foi aí que nasceu o salto alto como é conhecido hoje. Mas mesmo assim, eram só os homens que usavam.

Mas voltando à Luis XIV, segundo registros históricos ele tinha apenas 1,60m e por isso adorava objetos que pudessem aumentar sua estatura. O rei Sol usava saltos vermelhos de 12 cm - alguns com cenas de batalhas em estilo rococó. Ele determinou que só a nobreza poderia usá-los e ninguém tinha modelos mais altos que os do rei. Ficaram conhecidos como saltos de Luís. Contudo, foi seu neto Luis XV que levou a fama. Deve ter algo a ver com o fato de somente em sua corte as mulheres usarem também o objeto do fascínio masculino. Elas queriam adotar um estilo mais masculino e então começaram a cortar o cabelo curto, vestir roupa mais masculina, usavam chapéus masculinos, e aí começaram a usar sapatos de salto alto.

Na Itália, no século 18, os nobres, tanto homens quanto mulheres usavam plataformas de até 70cm (exagerados né?), chamadas de chopines, e precisavam do auxílio de dois criados para manter o equilíbrio. Era produto de status, pois somente os ricos tinham recursos para este luxo. Quanto mais alto era o calçado, mais alta era a posição social do seu proprietário. E é claro, eles também queriam proteger os pés das ruas imundas. Espertos como os açougueiros. (Só não precisava 70cm né). Um tipo de calçado exclusivo dos nobres era O talon rouge (salto vermelho). Apenas os saltos eram vermelhos, sendo o restante do calçado em qualquer cor. O vermelho também era utilizado para representar poder e nobreza.

Os sapatos de salto alto tornaram-se unissex durante algum tempo, mas logo começaram a mudar. Os saltos dos homens eram mais quadrados, baixos e robustos enquanto os saltos das mulheres se tornaram em saltos finos e femininos.

Contudo, só em 1950, nasce o modelo que seria eternizado como símbolo máximo de sensualidade e até fetichismo: O stilleto, ou salto agulha, fabricado por um italiano que criou um salto com miolo de metal, inovação que permitiu os saltos mais finos jamais imaginados, difíceis de caminhar. Hoje em dia salto alto é coisa de mulher e em vez de representar a nobreza, os saltos remetem à sensualidade da mulher, ressaltando seios, pernas e quadris. Mas, afinal, a ideia de usar sapatos de salto alto veio dos homens. Quem diria!